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Poder

MDB oficializa candidatura de Simone Tebet à Presidência

Última aposta de defensores de uma "terceira via", senadora registrou apenas 1% no último Datafolha e seu nome não é unanimidade nem dentro do MDB. Diferentes alas preferem apoiar Lula já no primeiro turno.

Senadora ganhou destaque por sua atuação na CPI da PandemiaApós uma série de disputas internas, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) oficializou nesta quarta-feira (27/07), em convenção, o nome da senadora Simone Tebet (MS) como candidata à Presidência da República pelo partido. Num evento rachado e boicotado por caciques do partido como o senador Renan Calheiros, Tebet assegurou 262 votos na eleição virtual, com apenas nove contrários.

Paralelamente, PSDB e Cidadania, que atualmente compõem uma federação partidária, aprovaram apoio a Tebet em sua convenção. Na abertura da convenção, a candidata disse que pretende "reconstruir" o Brasil "com coragem e com amor".

Ela espera ocupar um potencial nicho de "terceira via" na disputa que tem sido dominada pelo presidente Jair Bolsonaro e o petista Luiz Inácio Lula da Silva e que ainda tem Ciro Gomes em terceiro lugar.

No entanto, a natureza da disputa nos últimos meses demonstrou seguidas vezes que boa parte do eleitorado não está interessada em ter mais um candidato na disputa. Várias figuras que ensaiaram pré-candidaturas se apresentando como alternativas acabaram desistindo quando não decolaram nas pesquisas ou não conseguiram apoio político.

Entre os nomes que deixaram a disputa estão ex-bolsonaristas como o ex-juiz Sergio Moro, o ex-governador João Doria e o ex-ministro Henrique Mandetta, além de figuras como o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Alessandro Vieira (PSDB-RS).

Dificuldades

Assim como boa parte dos candidatos que acabaram deixando a corrida nos últimos meses, Tebet também enfrenta dificuldades nas pesquisas. Ela registrou apenas 1% na última Datafolha. Bem atrás do favorito, o ex-presidente Lula (47%), e do atual ocupante do Planalto, Jair Bolsonaro (28%), que concorre à reeleição. Ela também aparece atrás de Ciro Gomes (PSB), que tem 8%, e empatada tecnicamente com André Janones (Avante), que registrou 2%.

A performance inexpressiva da candidata nas pesquisas não é o único problema de Tebet. Na convenção desta quarta-feira, ela ainda não conseguiu definir o nome do seu vice na chapa. Pela montagem da chapa, caberia ao PSDB indicar o nome. A expectativa era que o senador Tasso Jereissati (CE) ocupasse o papel, mas ele sinalizou que poderia rejeitar a indicação. Dessa forma, o candidato a vice continua indefinido.

Apesar de aprovada pelo partido, Tebet também está longe de ser uma unanimidade dentro do MDB. Historicamente, trata-se de uma confederação de feudos regionais, com pouca coesão. Muitos dos seus desunidos líderes normalmente preferem apoiar à Presidência da República candidatos mais fortes de outros partidos do que se comprometer com uma corrida de desfecho incerto. Desta vez, não tem sido diferente.

Na semana passada, líderes do MDB de 11 estados declaram apoio a Lula já no primeiro turno, entre eles nomes como o governador de Alagoas, Paulo Dantas, e os senadores Renan Calheiros (AL), Veneziano Vital do Rêgo (PB), Eunício Oliveira (CE) e Edison Lobão (MA), entre outros. O prefeito de Cacimbinhas (MDB-AL), Hugo Wanderley, um aliado de Renan, chegou a pedir na Justiça o adiamento da convenção, mas teve o pedido negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2018, o partido lançou pela primeira vez em 24 anos um candidato à Presidência, o ex-ministro e banqueiro Henrique Meirelles. Sem apoio dentro da sigla, Meirelles acabou bancando por conta própria quase todos os R$ 54 milhões da sua campanha. Conquistou apenas 1,2% dos votos válidos no pleito.

O histórico de Tebet dentro do MDB também registra um episódio similar. Em 2021, ela se tornou a primeira mulher a se candidatar à presidência do Senado. Inicialmente, foi apoiada pelo seu partido, mas parte da bancada acabou sendo atraída para a candidatura do atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, que acabou sendo eleito com 58 votos. Tebet, que lançou então uma candidatura independente, recebeu 21 votos.

Quem é Simone Tebet

Filha do ex-ministro e ex-senador Ramez Tebet (1936-2006), Simone Tebet tem 52 anos e entrou oficialmente para a política em 2002, quando foi eleita deputada estadual em Mato Grosso do Sul. Entre 2005 e 2010, comandou a prefeitura de Três Lagoas, a antiga base eleitoral de seu pai. Posteriormente, exerceu o cargo de vice-governadora do estado durante a administração de André Puccinelli. Em 2014, foi eleita para o Senado Federal.

Como senadora, votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e apresentou um projeto que previa pagamento de indenizações em dinheiro para fazendeiros em áreas que forem consideradas indígenas. O texto foi alvo de críticas de organizações ambientais e de defesa dos direitos humanos e acabou sendo retirado em 2018.

A família de Tebet possui pelo menos três fazendas em Mato Grosso do Sul, segundo reportagem da Agência Pública. Seu marido, Eduardo Rocha, é deputado estadual licenciado em Mato Grosso do Sul, ocupando atualmente o cargo de secretário de Estado de Governo da administração Reinaldo Azambuja (PSDB).

No Senado, Tebet também ganhou destaque por sua atuação na CPI da Pandemia, especialmente durante o depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que tratou de acusações de fraude na compra de vacinas. Na comissão, criticou regularmente a gestão do governo Bolsonaro durante a crise sanitária. Ainda no Senado, também foi a primeira mulher a ocupar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o colegiado mais importante da Casa.

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