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Opinião

As universidades federais paraenses no combate ao covid-19

Por Beatriz Caminha*

Presentes em mais de 100 municípios do Estado do Pará e tendo a mais antiga universidade (UFPA) com o 2º maior PIB do Estado inteiro - perdendo apenas para a Capital - as universidades paraenses, além de possuírem o Hospital Universitário João Barros Barreto (um dos 20 hospitais de referência do COVID no Brasil todo), tem produzido EPIS, álcool em gel, manuais sobre alimentação saudável, limpeza de alimentos, atendimento psicológico à comunidade interna e externa e muito mais.

O Estado do Pará conta com quatro (4) universidades federais, sendo estas a UFPA, a UFOPA, a UNIFESSPA e a UFRA. Duas delas foram construídas com a política Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e todas são assistidas com o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAS), ambos programas do governo Lula. Este artigo tem o objetivo elencar o importante papel que estas instituições - que estão sendo atacadas pelo presidente da república e pelos setores conservadores da sociedade, estão desempenhando no enfrentamento da crise ocasionada pelo coronavírus.

O sociólogo Boaventura de Souza Santos enfatiza a importância das universidades estabelecerem um vínculo sólido com a sociedade para que esta instituição possa recuperar seu legado que é diariamente açoitado pelo neoliberalismo e a iniciativa privada. Apesar do afixamento orçamentário que vem sendo imposto desde o governo Temer com a PEC da Morte (PEC 55) e a emenda constitucional 95, a importância das universidades federais é inquestionável.

Um dos pilares para se entender a universidade dentro de um projeto de país mais solidário é a responsabilidade social que toda produção de conhecimento e ciência deve ser vinculada, principalmente permeável às demandas sociais de grupos sociais que não têm poder para impô-las.

Ademais, não se pode esquecer que 70,2% dos estudantes de universidades federais no Brasil são de baixa renda, e que, as políticas afirmativas de cotas e permanência são fundamentais para construção de um Brasil com menos desigualdades sociais e raciais. Nessa lógica, toda ação que seja realizada que não entenda de fato o lócus de atuação dessas universidades irá apresentar um descolamento da realidade e contribuirá para exclusão de muitos estudantes dos espaços de conhecimento. Apesar disso, Weintraub, ministro da Educação, promete premiar as universidades que continuarem as aulas durante a pandemia.

A postura que os reitores têm adotado é, majoritariamente, respeitando a diversidade e responsável com o corpo discente, técnico e docente. Com exceção da UFOPA, que por um tempo insistiu em adotar o modelo de aulas através do Ensino à Distância (EAD), mesmo tendo conhecimento que a maioria dos seus discentes são de baixa renda e tem dificuldades de acesso a internet.

Para Gabriel Monteiro, coordenador geral do DCE UFRA, “Muitos estudantes da UFRA estão em condições de vulnerabilidade socioeconômica. Muitos não têm acesso à internet, computadores, moram em fazendas, comunidades rurais e locais de pouco ou nenhum acesso a internet”. Gabriel também enfatiza a importância da assistência estudantil e as dificuldades se continuar o calendário letivo via EAD “a maioria dos estudantes da UFRA se encontram em vulnerabilidade socioeconômica e a manutenção desses auxílios garante a permanência estudantil na universidade e é fundamental como ferramenta de apoio neste momento de isolamento social', argumenta.

Na UFPA, observamos que muitos estudantes estão sendo apoiados pelas políticas de assistência estudantil e atendimento psicológico. E, apesar de tudo, é crescente a ansiedade e o medo diante de tudo que estamos passando.

Nesse contexto, podemos observar que é semelhante e real a similaridade entre o corpo discente e o local de atuação dessas universidades no nosso Estado. O papel desempenhado em garantir o isolamento social e as políticas de assistência estudantil são fundamentais para dar suporte até mesmo para alimentação desses estudantes. Além disso, um dos pilares importantíssimos desse enfrentamento tem se dado na esfera da produção de ciência e atendimento a comunidade. A seguir, elencamos algumas ações que as universidades estão realizando com esse objetivo:

1. UNIFESSPA

- SERVIÇO DE ESCUTA PSICOLÓGICA PARA ESTUDANTES DURANTE PERÍODO DE QUARENTENA.

- PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O NOVO CORONA VÍRUS.

- SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES ACADÊMICAS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19.

2. UFOPA

- LABORATÓRIO DA UFOPA CRIA GUIA DE CUIDADOS COM ALIMENTAÇÃO DURANTE PANDEMIA DE CORONAVÍRUS.

- UFOPA OFERTA CURSO EAD SOBRE CUIDADOS COM CORONAVÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE.

3. UFPA

- CENTRAL DE ATENDIMENTO SOBRE A COVID-19 É IMPLANTADA NO HOSPITAL BARROS BARRETO.

- HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFPA REALIZA PESQUISA SOBRE EFEITOS PSICOLÓGICOS DO ISOLAMENTO SOCIAL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19.

- UFPA MANTÉM ATIVIDADES SUSPENSAS 'POR TEMPO INDETERMINADO' CONTRA A COVID-19.

- UFPA PRODUZ ÁLCOOL EM GEL PARA ABASTECER HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS.

- UFPA PARTICIPA DE ESTUDO INTERNACIONAL SOBRE TRATAMENTOS PARA A COVID-19.

- UFPA CRIA PORTAL SOBRE CORONA VÍRUS.

4. UFRA

- DSQV/PROGEP DISPONIBILIZA ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL REMOTO A SERVIDORES E DIVULGA CARTILHAS INFORMATIVAS.

- SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES PRESENCIAIS DA UFRA POR TEMPO INDETERMINADO EM FUNÇÃO DA PANDEMIA DA COVID-19

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*Beatriz Caminha - Membro GT Corona Vírus UFPA, diretora da UNE e Coordenadora Geral do DCE UFPA